A pior semana do governo Dilma Rousseff - até agora 31/08/2014
- Veja.com
A divulgação, na sexta-feira, do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), do rombo nas contas públicas e da pesquisa Datafolha, que aponta não só a vitória de Marina Silva (PSB) no segundo turno das eleições presidenciais, como também o empate com Dilma no primeiro turno, encerrou aquela que foi, até agora, a pior semana do governo da presidente desde que assumiu, em janeiro de 2011.
O rosário de notícias ruins começou logo na segunda-feira, com o debate eleitoral transmitido pela Band, em que Dilma foi atacada por Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) e se defendeu lançando mão de dados duvidosos.
Ao longo da semana, todos os indicadores econômicos divulgados corroboraram um cenário de crise ocasionado, essencialmente, por erros cometidos pelo próprio governo brasileiro.
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O PIB, como esperado, veio negativo. Como houve a revisão (também negativa) do resultado do primeiro trimestre, o país entrou na chamada recessão técnica.
Rombo nas contas externas, juros recordes para pessoas físicas, piora na confiança do consumidor e aumento da inadimplência são apenas alguns dos indicadores ruins publicados ao longo dos últimos dias e que ajudaram a fazer com que a percepção do brasileiro em relação ao governo da presidente piorasse -- o Datafolha mostra que o porcentual dos que acreditam que o governo da presidente é péssimo aumentou de 23% para 26%.
Veja alguns dos principais acontecimentos econômicos que fizeram com que o mês de agosto da presidente terminasse péssimo -- e não pessimista, como ela costuma se referir aos seus críticos:
Recessão econômica
A economia brasileira entrou em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de contração, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,6% no segundo trimestre ante o primeiro, enquanto o resultado de janeiro a março foi revisado para queda de 0,2% ante o quarto período de 2013. O país não entrava em recessão técnica desde a crise financeira global de 2008 e 2009.
Investimentos em queda
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que avalia o grau de investimentos no país, caiu 11,2% no segundo trimestre ante igual período de 2013. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, houve recuo de 5,3%. As informações foram divulgadas pelo IBGE.
Rombo nas contas do governo
As contas do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registraram déficit primário de 2,196 bilhões de reais em julho, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 1997, informou o Tesouro Nacional. O balanço fiscal é a diferença entre os gastos e as receitas do governo central.
Rombo nas contas públicas
O setor público consolidado (que envolve, além do governo central, as contas dos Estados, dos municípios e das empresas estatais) registrou déficit primário de 4,715 bilhões de reais em julho, informou o Banco Central. Trata-se do pior resultado para o mês desde o início da série histórica em dezembro de 2001. O balanço fiscal corresponde a diferença entre os gastos e as receitas das contas da máquina pública.
Dívida pública
O Tesouro Nacional anunciou que o estoque total da dívida pública federal, que inclui dívida interna e dívida externa, recuou 1,35%, para 2,17 trilhões de reais, em julho ante junho. A dívida interna registrou a maior queda ao recuar 1,39%, para 2,082 trilhões de reais. Já a dívida externa recuou 0,56%, para 91,21 bilhões de reais.
Juros e inadimplência
O Banco Central (BC) informou na nota de Crédito e Política Monetária que a taxa média de juros do crédito para pessoas físicas atingiu 43,2% ao ano em julho ante 43% ao ano em junho. Trata-se do maior patamar desde o início da série histórica em março de 2011. Os juros altos levam as pessoas a ficarem cada vez mais endividadas, com menos recursos para consumo e poupança. O relatório também mostrou que a inadimplência subiu de 4,8% para 4,9% em julho ante junho.
Confiança em queda
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 7,3%, para 113,3 pontos, no trimestre encerrado em junho ante igual período de 2013. Já o Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 3,1%, para 104 pontos, em agosto ante julho. Trata-se do menor nível desde abril de 2009, quando o indicador atingiu 103,4 pontos. Os dados foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Já o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,2%, para 83,4 pontos, em agosto ante julho, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com a oitava queda consecutiva, o índice permanece no menor nível desde abril de 2009.
As avaliações de empresários sobre a situação econômica atual também pioraram. A proporção de empresas que consideram a situação boa recuou de 10,8% para 8,1%, enquanto a proporção de empresas que a avaliam a situação como fraca aumentou de 26% para 29,3%.
Desconfiança do consumidor aumenta
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) interrompeu dois meses de alta ao cair 4,3% em agosto, para 102,3 pontos, informou na segunda-feira a FGV. Trata-se do pior resultado desde abril de 2009, quando o indicador atingiu 99,7 pontos.
O indicador que mede o grau de satisfação com a economia também recuou 13,6% em agosto ante julho, para 65,4 pontos, menor nível desde abril de 2009. Já o indicador que avalia o grau de otimismo com a economia recuou 3,9%, para 90,8 pontos, na mesma base de comparação.
Previsões pioram
Economistas reduziram pela 13ª semana consecutiva a previsão de crescimento da economia brasileira este ano de 0,79% para 0,70%, mostrou o relatório Focus do Banco Central (BC). Para 2015, a previsão de crescimento permanece em 1,20%. A estimativa com o aumento dos preços este ano também subiu ligeiramente de 6,25% para 6,27%, enquanto a estimativa com o aumento da taxa de juros passou de 11,75% para 12%.