Siderúrgicas e Vale pressionam e Bolsa tem baixa de 1,28% 30/11/2011
- Cláudia Violante e Cristina Canas - Agência Estado
O mercado acionário doméstico teve ontem um pregão instável e com giro minguado. O Ibovespa teve várias reprises de alta e baixa até firmar-se no vermelho, à tarde, mesmo período em que o ritmo diminuiu, baixando a previsão do volume financeiro para o dia. Siderúrgicas e Vale recuaram, pressionando o índice à vista, que terminou na contramão do exterior. O Ibovespa caiu 1,28%, aos 55.299,76 pontos, na mínima do dia.
O setor siderúrgico sofreu com o noticiário envolvendo Usiminas - a entrada do grupo ítalo-argentino Ternium no bloco de controle da companhia. Os investidores não gostaram, principalmente, da ausência de tag along(extensão do pagamento do prêmio) para os minoritários. Usiminas ON caiu 5,26% e a PNA afundou 6,33%. CSN ON, recuou 4,06%, Gerdau PN, -4,07%, e Metalúrgica Gerdau PN, -3,71%. Já as ações da Vale apresentaram perdas menores. A ON teve baixa de 1,41% e PNA, de 1,65%, influenciadas também pela desvalorização dos metais no exterior.
Após o fechamento do pregão, saiu uma notícia potencialmente negativa para a mineradora brasileira. O débito da Vale com a União pode chegar a R$ 25 bilhões com a decisão da Justiça de manter a incidência de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no exterior, em mandado de segurança impetrado pela empresa.
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A Bovespa acabou se distanciando das bolsas internacionais, que subiram à espera do resultado do encontro de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo). A expectativa de que os ministros apresentem ações que minimizem a possibilidade de uma recessão mais forte na região impôs viés positivo às bolsas europeias e norte-americanas. O dado de confiança do consumidor norte-americano muito melhor do que o previsto também trouxe alívio aos negócios. O S&P 500 subiu 0,22% e o Dow Jones avançou 0,29%.
Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). o mercado de juros marchou coeso para um corte de 0,50 ponto porcentual hoje, com a taxa básica de juros, a Selic, baixando para 11% ao ano. Durante boa parte do dia, os juros exibiram leve alta, especialmente a ponta longa. Os curtos e intermediários ameaçaram subir, mas voltaram ao nível de ajuste no fim do dia.
A trégua externa sustentou apostas em moedas mais arriscadas, como o real e o euro, em detrimento do dólar, que recuou no mercado doméstico pela terceira sessão seguida. O dólar à vista se desvalorizou 0,54%, para R$ 1,8460 no balcão.
Dólar cai com medida da China para incentivar economia
A China injetou combustível nos mercados financeiros globais, com o anúncio de um corte nos compulsórios dos bancos. Internamente, a informação intensifica a queda do dólar comercial, que às 10h55 recuava 0,98% a R$ 1,8280.
Imediatamente após a notícia chinesa, o comportamento dos ativos de risco saiu do terreno das perdas onde operava em função da frustração com o resultado da reunião de ontem dos Eurogrupo e temores sobre o anuncio da S&P de que revisará o rating de 37 bancos mundiais e passou aos ganhos. As bolsas não só abandonaram o sinal negativo como mostravam altas significativas há pouco.
Às 10h40, o índice alemão subia 1,51%, a bolsa de Paris avançava 0,85% e Londres computava aumento de 0,78%. Simultaneamente, o euro saiu do nível de US$ 1,32 para retomar US$ 1,33, onde operou ontem.
Por aqui, a manhã é de definição da ptax que honrará os contratos de derivativos cambiais que vencem amanhã. O mercado também observa o anúncio das definições de ontem do CMN, que ocorreu há pouco e analisa as declarações do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que anunciou medidas de incentivo ao crédito, que podem mexer com perspectivas econômicas e negócios. Para o início da noite, está previsto o desfecho do encontro do Copom e, como o mercado aposta majoritariamente em corte de 0,5 ponto porcentual na Selic, isso não deve influenciar muito.
A queda do dólar mais acentuada aqui explica-se exatamente pela decisão chinesa. O corte de compulsório é um incentivo à economia e maior atividade no gigante asiático representa incremento importante nas exportações brasileiras de matérias-primas, com reflexo no total da economia brasileira.