Banco Lehman Brothers quebra e derruba ações mundo afora 15/09/2008
- Agência Estado com BBC
As principais bolsas européias despencam na manhã desta segunda-feira, 15, atingidas pelo pedido de concordata do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. As negociações fracassaram após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) negar ajuda financeira na venda da instituição. A esperança era de que o BC dos EUA seguisse a mesma estratégia de março, quando emprestou US$ 29 bilhões para o JP Morgan comprar o Bear Stearns. Como já era de se esperar, o setor financeiro é o mais atingido na manhã desta segunda, em todas as principais praças.
Às 8h25, o índice FT-100, da bolsa de Londres caía 4,67%, enquanto o CAC-40, de Paris, perdia 5,38%; Em Frankfurt, o Dax cedia 4,03%. Por volta das 8 horas (de Brasília), as ações do Royal Bank of Scotland despencavam 12% em Londres, enquanto as do Credit Agricole recuavam 11% em Paris. O alemão Deutsche Bank perdia 7,6% e o espanhol Santander, 4,2%. O italiano Unicredito Italiano caía 5,7%.
Nas negociações de pré-mercado em Wall Street, as ações do Lehman Brothers despencavam 89% por volta das 8h30 (de Brasília), e certamente estarão entre as mais negociadas assim que o pregão regular abrir. Merrill Lynch, ao contrário, disparava 37%, com o anúncio de que será comprado pelo Bank of America (BofA) por US$ 50 bilhões, ou US$ 29 por ação. A compra, se aprovada pelos acionistas, irá criar um banco com vasto alcance, envolvido em quase todos os segmentos do sistema financeiro. Os papéis do BofA cediam 14%.
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Outra ação que caía forte, 42%, é a da seguradora AIG, que, apesar de já ter levantado US$ 20 bilhões em capital novo este ano, precisa de US$ 40 bilhões adicionais para evitar um rebaixamento de rating. O grupo teria inclusive procurado o Federal Reserve em busca de ajuda.
Mesmo os bancos suíços, que são muito mais capitalizados que os norte-americanos e que fizeram baixas contábeis muito mais agressivas em seus portfólios de ativos arriscados, não estão imunes às perdas. Em Zurique, as ações do Credit Suisse caíam 8,3% e as do UBS despencavam 17%. Este último era prejudicado por uma reportagem divulgada no domingo afirmando que a instituição financeira poderá ser obrigada a fazer mais baixas contábeis bilionárias no segundo semestre.
Os mercados europeus também sentem o efeito da compra do Merrill Lynch pelo Bank of America, por cerca de US$ 50 bilhões (US$ 29 por ação), e estão de olho em notícias sobre a AIG. O Wall Street Journal informou que a seguradora procurou o Fed em busca de ajuda.
Nos mercados da Ásia, as notícias empurraram as bolsas para baixo e fizeram o dólar cair 2,7% em relação ao iene japonês - a maior variação diária desde o início de 2002. Em Taiwan, o índice Taiex fechou em queda de 4,09%. A bolsa das Filipinas perdeu 4,2% e o principal indicador da Austrália conseguiu reverter perdas iniciais e encerrou em baixa de 1,8%. O cenário só não foi pior no leste da Ásia porque os mercados mais importantes, Japão, Hong Kong, China e Coréia do Sul, estão fechados nesta segunda-feira para feriados.
Ajuda financeira
No domingo, o Fed anunciou diversas medidas para lidar com a pior crise de crédito em décadas, incluindo a ampliação dos tipos de garantias que os bancos podem apresentar para conseguir linhas especiais de crédito. Essas linhas foram aumentadas de US$ 175 bilhões para US$ 200 bilhões.
A ampliação da ajuda do Fed às instituições financeiras é uma reviravolta em relação à decisão anterior do governo americano - depois de duras críticas - de não mais socorrer as vítimas da crise de crédito.
Tendo em vista o ambiente turbulento, o Banco Central Europeu também se posicionou e disse que está monitorando as condições do mercado monetário e os sinais de turbulência. Os maiores bancos centrais da Europa injetaram recursos de curto prazo no sistema financeiro para acalmar o mercado interbancário, na esteira do acirramento da crise com os maiores bancos norte-americanos.
Providências
O encontro oficial do Fed ocorre na terça-feira e há rumores sobre um possível corte de juros emergencial, que tentaria amenizar o impacto da dramática situação do sistema financeiro do país.
A Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de valores mobiliários dos EUA, afirmou nesta segunda que vai adotar providências para proteger os ativos dos clientes mantidos pelo banco Lehman Brothers, que entrou com pedido de concordata. A SEC informou que as medidas têm por objetivo assegurar que os clientes da Lehman Brothers Inc., a corretora e operadora de câmbio controlada pela Lehman Brothers Holdings Inc., ¨não sejam adversamente afetados pelos recentes eventos do mercado¨.
O órgão declarou que vai impor regras para obrigar a ¨segregação do dinheiro e dos ativos dos clientes¨, bem como a proteção do seguro oferecido pela Securities Investor Protection Corporation (Corporação de Proteção do Investidor em Títulos).
A SEC anunciou ainda que está atuando de forma coordenada ¨com os reguladores estrangeiros para proteger os clientes do Lehman e manter os mercados em ordem¨. A comissão está em contato com órgãos reguladores do Reino Unido, da Alemanha, do Japão e de outros países. As informações são da Dow Jones.